
Para quem conhece a música do Lenine, Paciência, o título com certeza vai parecer familiar. Sim, pra você que está lendo essa crônica e não conhece transcrevo um pedaço que julgo muito importante para o que vou escrever:
“Será que é tempo que lhe falta prá perceber?
Será que temos esse tempo pra perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara, tão rara...”
Passei por algo extremamente inusitado nesta última semana. Meu companheiro, com quem me casei há apenas dois meses, foi para uma mesa de cirurgia fazer uma operação cardiaca com direito a peito aberto e UTI, e com toda a tecnologia existente vi, mesmo que pequena, a possibilidade de perdê-lo, de estar novamente só, de não ter quem me suporte nos meus piores dias e de não ter quem ria das minhas bobagens e me faça sentir sempre um ser humano melhor.
Não se preocupe, ele está bem! Costurado, fazendo uma inusitada dança do operado e extremamente animado para a vida, e é aí que entra a letra da música.
A Vida é tão rara, e será que percebemos que não sabemos quanto tempo temos disponível? Precisamos de que algo nos chacoalhe, nos estremeça, nos apavore para pensarmos em nós e no que realmente queremos.
Guardamos mágoas antigas, problemas que seriam tão facilmente resolvidos, não nos permitimos perdoar simplesmente a nós, quanto mais aos outros.
Gastamos muito da nossa energia vital correndo a vida inteira atrás da perfeição, sendo que ela não existe, nem em nós.
Não há relacionamentos perfeitos, amigos perfeitos, vida perfeita. Até por que tudo seria uma chatice, uma rotina sem fim. Como reconheceríamos o bom se não tivéssemos experimentado o ruim?
Esse é o melhor momento para se viver. Estamos respirando e apesar de todos os problemas existentes ainda temos as melhores oportunidades para tentar algo diferente e inusitado. Sermos simplesmente felizes sem muita complicação, sem muito tropeço, porque felicidade é estado de espírito, e não dá pra ser feliz o tempo todo.
Aproveite os momentos, crie situações favoráveis e seja menos amargo.
Porque se olharmos em volta notaremos que a vida é mesmo tão rara e que somos privilegiados por apenas existirmos.
Luciana Barbosa.