quarta-feira, 29 de abril de 2009

A Arte de oscular.



Que tal você me dar um ósculo? Não, estou de lentes de contato e não são seus óculos que quero. São ósculos, muitos e de amizades, porque sou uma moça casada. De outra forma não ia pegar bem.
Tudo bem você não está entendendo nada. Vamos recorrer a uma pesquisa rápida no dicionário, na verdade estou na página do Google, combinamos na crônica passada que não iríamos mentir. Aqui está: “1.beijo; beijo de paz e amizade
2.(Zoologia) abertura principal do esponjocélio, na extremidade livre do corpo das esponjas “.
Então. O que quero não tem nada a ver com a segunda parte na área da Zoologia, nada contra, mas o que pedi foi simplesmente um beijo de amizade, de paz, um ósculo.
Por que vivemos num mundo que a falta de tempo impera, queremos desenvolver vários projetos ao mesmo tempo e deixamos de tomar conta de coisas importantes: a nossa vida e nossas relações afetivas.
Estamos deixando de lado, na correria do dia a dia e na desculpa da modernidade, o que é de mais importante em nossa vida, porque dinheiro, caríssimos, e tudo o que ele pode comprar, não sustenta a alma, não preenche o vazio que sentimos independente da nossa posição social. Somos bons no discurso de que nos bastamos, podemos viver sozinhos e sermos felizes. Balela! O melhor da vida é termos carinho, aconchego e amizades que nos garantam o mínimo de conforto nos tropeços da vida.
Diante desse mundo de possibilidades, esquecemos até da ética de convivência e achamos tudo normal, achamos que o nosso sentimento e nosso bem-estar é o que basta.
E sinceramente não é. Por que faço para o outro o que não gostariam que me fizessem? Por que não me coloco no lugar?
E assim, com pensamentos cada vez mais egoístas, vou achando que o mundo vai bem e me recolho na própria solidão.
Sei que no meu caixão não cabe nada que tenho hoje de material. Então por que não cultivar os sentimentos como a calma, o discernimento, o desvelo para com o outro? Arrumar tempo na nossa correria para verdadeiramente sermos amigos.
Abraçar, oscular muito e amar o próximo, mas de uma forma madura, por que também conheço muita gente de trinta e tantos anos que ainda age como verdadeiro egocêntrico, achando que o mundo gira em torno do umbigo.
Viver em conjunto é muito melhor quando aprendemos fazer algo para alguém. Mesmo que para nós seja um gesto pequeno, é maravilhoso, faz diferença no nosso dia a dia e melhora até nossa aparência.
Então não perca mais tempo, abrace mais, conviva mais, oscule mais.
Pode ser que no princípio você estranhe um pouco, mas depois garanto, você nunca mais será o mesmo.
Então, um ósculo cheio de paz e amizade pra você e até nossa próxima crônica.

Luciana Barbosa.