segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A crônica da dor.



-Como é a dor? Perguntam-me os que não fazem a mínima ideia do que é o tal do Lúpus.

Aí, fico pensando, como explicar o que nem eu mesma às vezes sei?

-Dói tudo, uma dor estranha, geral. Entendeu?

Não, ninguém entende, porque é tão íntimo, tão meu. Nem mesmo um lúpico entende o outro já que a doença pode vir de tantas formas.

Aí, me pego pensando nesse universo particular, cheio de altos e baixos.

Há dias que nem me importo que ela exista. Nem a dor nem a doença.

Em outros, desejo intimamente fechar os olhos e não abrir mais. Nessas horas sou tomada, além da dor, pela culpa cultural, pela minha cobrança interior de que como posso eu pensar em desistir?

Mas aí é que está, nunca desisto. Há dias que nego, aceito, interrogo, desespero e me acalmo, tudo em questão de horas ou minutos e continuo. Não por eles, mas por mim.

Há tanto ainda que não vi, tantos livros que não li, tantas risadas que não dei.

Preciso de mais tempo e às vezes de morfina, mas quem nunca precisou?

E da dor nasce a crônica. Confusa, espessa, pesada, esperançosa, de que alguém a leia e busque a cura de algo que já se tornou crônico.



Luciana Barbosa.